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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

FILOSOFIA - INTRODUÇÃO.

A Filosofia não é, portanto, uma ciência, porque ela não possui um objeto de estudo definido, nem uma abordagem metódica deste mesmo objeto.

Ela tampouco é algum tipo de religião, porque baseia-se na racionalidade, ou ainda na reflexão sobre a racionalidade, e não na fé, como é característica das religiões.

A Filosofia não apresenta uma definição, um enunciado a partir do qual podemos afirmar “isto se trata de Filosofia”. Ela é uma MODALIDADE DE CONHECIMENTO, assim como é a ciência, a arte, a religião.

Assim sendo, vamos acompanhar o que a filósofa Marilena Chauí nos fala a respeito da Filosofia:


Podemos dizer que a Filosofia surge quando os seres humanos começam a exigir provas e justificações racionais que validem ou invalidem as crenças cotidianas.

Por que racionais? Por três motivos principais: em pri­meiro lugar, porque racional significa argumentado, deba­tido e compreendido; em segundo, porque racional signifi­ca que, ao argumentar e debater, queremos conhecer as condições e os pressupostos de nossos pensamentos e os dos outros; em terceiro, porque racional significa respeitar certas regras de coerência do pensamento para que um ar­gumento ou um debate tenham sentido, chegando a con­clusões que podem ser compreendidas, discutidas, aceitas e respeitadas por outros.
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A atitude crítica
A primeira característica da atitude filosófica é negati­va, isto é, um dizer não aos "pré-conceitos", aos "pré-juízos", aos fatos e às ideias da experiência cotidiana, ao que "todo mundo diz e pensa", ao estabelecido. Numa pala­vra, é colocar entre parênteses nossas crenças para poder interrogar quais são suas causas e qual é seu sentido.

A segunda característica da atitude filosófica é positi­va, isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valo­res, nós mesmos. É também uma interrogação sobre opor-quê e o como disso tudo e de nós próprios. "O que é?", "Por que é?", "Como é?". Essas são as indagações funda­mentais da atitude filosófica.

A face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem o que chamamos de atitude crítica. Por que "crítica"?

Em geral, julgamos que a palavra crítica significa "ser do contra", dizer que tudo vai mal, que tudo está errado, que tudo é feio ou desagradável. Em geral, crítica é mau humor, coisa de gente chata ou pretensiosa que acha que sabe mais que os outros. Mas não é isso que essa palavra quer dizer.

A palavra crítica vem do grego e possui três sentidos principais: 1) capacidade para julgar, discernir e decidir corretamente; 2) exame racional de todas as coisas sem preconceito e sem prejulgamento; 3) atividade de exami­nar e avaliar detalhadamente uma ideia, um valor, um cos­tume, um comportamento, uma obra artística ou científi­ca. A atitude filosófica é uma atitude crítica porque preen­che esses três significados da noção de crítica, a qual, como se observa, é inseparável da noção de racional, que vi­mos anteriormente.

A Filosofia começa dizendo não às crenças e aos pre­conceitos do dia a dia para que possam ser avaliados racio­nal e criticamente. Por isso começa dizendo que não sabe­mos o que imaginávamos saber ou, como dizia Sócrates, começamos a buscar o conhecimento quando somos capa­zes de dizer: "Só sei que nada sei".

Para Platão, o discípulo de Sócrates, a Filosofia come­ça com a admiração ou, como escreve seu discípulo Aristóteles, a Filosofia começa com o espanto: "... pois os ho­mens começam e começaram sempre a filosofar movidos pelo espanto (...}. Aquele que se coloca uma dificuldade e se espanta reconhece sua própria ignorância. (...). De sorte que, se filosofaram, foi para fugir da ignorância".

Admiração e espanto significam que reconhecemos nossa ignorância e exatamente por isso podemos superá-la. Nós nos espantamos quando, por meio de nosso pen­samento, tomamos distância do nosso mundo costumeiro, olhando-o como se nunca o tivéssemos visto antes, como se não tivéssemos tido família, amigos, professores, livros e outros meios de comunicação que nos tivessem dito o que o mundo é; como se estivéssemos acabando de nas­cer para o mundo e para nós mesmos e precisássemos perguntar o que é, por que é e como é o mundo, e precisássemos perguntar também o que somos, por que somos e como somos.

A Filosofia inicia sua investigação num momento mui­to preciso: naquele instante em que abandonamos nossas certezas cotidianas e não dispomos de nada para substituí-las ou para preencher a lacuna deixada por elas. Em outras palavras, a Filosofia se interessa por aquele instante em que a realidade natural (o mundo das coisas) e a realidade histórico-social (o mundo dos homens) tornam-se estranhas, es­pantosas, incompreensíveis e enigmáticas, quando as opi­niões estabelecidas disponíveis já não nos podem satisfazer.

Ou seja, a Filosofia se volta preferencialmente para os momentos de crise no pensamento, na linguagem e na ação, pois é nesses momentos críticos que se manifesta mais claramente a exigência de fundamentação das ideias. dos discursos e das práticas.

Assim como cada um de nós, quando possui desejo de saber, vai em direção à atitude filosófica ao perceber contradições, incoerências, ambiguidades ou incompatibi lidades entre nossas crenças cotidianas, também a Filosofia tem especial interesse pelos momentos de crise ou momentos críticos, quando sistemas religiosos, éticos, políti­cos, científicos e artísticos estabelecidos apresentam con­tradições internas ou contradizem-se uns aos outros e bus­cam transformações e mudanças cujo sentido ainda não está claro e precisa ser compreendido.
Chauí, M. FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS. São Paulo: Ed. Ática, 2010. p. 14.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Está começando 2012...

Estamos começando o ano de 2012. Seja bem-vindo. Que tenhamos o ânimo de enfrentar os desafios e dificuldades de viver num país e num mundo que atravessa significativas e profundas mudanças nos mais variados campos: economia, cultura, religião, política entre outros. Que estas mudanças nos tragam positividade e esperança de obter de nossos esforços o melhor possível para cada um de nós, individualmente, como para a coletividade em que estamos inseridos.