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sábado, 28 de fevereiro de 2009

CONFIRAM AQUI OS TEXTOS INTEGRAIS E QUESTÕES DO ESTUDO EM GRUPO.

Seguem abaixo os textos e as questões que vocês estarão trabalhando nesta semana de 02 a 06 de março. Há uma postagem no dia 17.02 onde há maiores detalhes de como você deve estudar para esta atividade: conteúdos, capítulos das leituras obrigatórias etc..
Caso queiram adiantar a leitura e reflexão indo para a sala de aula já com idéias esboçadas, com certeza terão um resultado final melhor, mas lembrem-se: o trabalho deve ser fruto de uma atividade grupal, portanto, a versão final a ser entregue deverá ser posterior ao trabalho em grupo, que deve ser feito em sala de aula.
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Sucesso!
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PRIMEIROS ANOS
O conceito sociológico de cultura.
O conceito de cultura, tal como o de sociedade, é uma das noções mais amplamente usadas em Sociologia. A cultura consiste nos valores de um dado grupo de pessoas, nas normas que seguem e nos bens materiais que criam. Os valores são ideias abstratas, enquanto as normas são princípios definidos ou regras que se espera que o povo cumpra. As normas representam o «permitido» e o «proibido» da vida social. Assim, a monogamia – ser fiel a um único parceiro matrimonial – é um valor proeminente na maioria das sociedades ocidentais. Em muitas outras culturas, uma pessoa é autorizada a ter várias esposas ou esposos simultaneamente. As normas de comportamento no casamento incluem, por exemplo, como se espera que os esposos se comportem com os seus parentes por afinidade. Em algumas sociedades, o marido ou a mulher devem estabelecer uma relação próxima com os seus parentes por afinidade; noutras, espera-se que se mantenham nítidas distâncias entre eles.
Quando usamos o termo, na conversa quotidiana comum, pensamos muitas vezes na «cultura» como equivalente às «coisas mais elevadas do espírito» – arte, literatura, música e pintura. Os sociólogos incluem no conceito estas atividades, mas também muito mais. A cultura refere-se aos modos de vida dos membros de uma sociedade, ou de grupos dessa sociedade. Inclui a forma como se vestem, os costumes de casamento e de vida familiar, as formas de trabalho, as cerimonias religiosas e as ocupações dos tempos livres. Abrange também os bens que criam e que se tornam portadores de sentido para eles – arcos e flechas, arados, fábricas e máquinas, computadores, livros, habitações.
A «cultura» pode ser distinguida conceitualmente da «sociedade», mas há conexões muito estreitas entre estas noções. Uma sociedade é um sistema de inter-relações que ligam os indivíduos em conjunto. Nenhuma cultura pode existir sem uma sociedade. Mas, igualmente, nenhuma sociedade existe sem cultura. Sem cultura, não seríamos de modo algum «humanos», no sentido em que normalmente usamos este termo. Não teríamos uma língua em que nos expressássemos, nem o sentido da autoconsciência, e a nossa capacidade de pensar ou raciocinar seria severamente limitada [...]. -- A Giddens – Sociologia, FCG, pp.46-47.

QUESTÕES:
1 – Um dos valores proeminentes em nossa cultura é o da honestidade. Porém, não raro, políticos corruptos, mesmo após a comprovação de denúncias permanecem impunes, e mais que isso: continuam recebendo votos e ocupando cargos eletivos. No entender do grupo, por que ocorre este fenômeno social?
2 – Conforme foi trabalhado nas aulas, a cultura também compreende subculturas. No caso do Brasil, as subculturas se manifestam conforme as regiões do país. Escolham duas manifestações de subcultura presentes na cultura brasileira, e analisem suas diferenças e semelhanças.
3 – O texto fala que existe uma diferença entre valores e normas, sendo os valores idéias abstratas. Já as normas são regras que se espera que o povo cumpra. Identifique na cultura do Colégio Anchieta um valor e uma norma que deriva deste valor.
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Sobre o livro “A Revolução dos Bichos”
O livro começa narrando uma assembléia dos bichos de uma fazenda, onde o mais sábio dos porcos faz um discurso onde convida os demais a conscientizarem-se de que o Homem é um animal nocivo e dependente da exploração do trabalho que impõe aos demais bichos, e que eles deveriam se unir e acabar com este sistema social de exploração, acabando com a dominação humana, substituindo-a por um governo comandado pelos bichos.
Dias depois o fazendeiro Jones entrega-se a uma bebedeira. Alcoolizado, recai em sono profundo e despreza a necessidade de alimentação dos bichos da fazenda. Movidos pelas idéias que estavam debatendo desde a assembléia, eles se revoltam e acabam por expulsar todos os humanos, instalando então um governo dos bichos – a revolução.
Na verdade, o livro é uma metáfora que George Orwell criou para expor de modo didático a sua visão sobre um dos episódios mais marcantes da história da humanidade: a Revolução Russa, ocorrida no ano de 1917, a qual pela primeira vez aplicou na prática as idéias de Karl Marx, filósofo, sociólogo e economista alemão que viveu no século XIX, considerado um dos pais do socialismo científico, representado na história pelo porco Major; ainda há quem associe Major a Lenin, o líder da revolução.
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Questões:
4) “Muito mais ainda lutaram os porcos para neutralizar as mentiras espalhadas por Moisés, o corvo doméstico. Moisés, bicho de estimação do Jones, era um espião linguarudo, mas também hábil na conversa. Afirmava a existência de uma região misteriosa, “A Montanha de Açucar”, para onde iam os animais após a morte. Esta montanha estava situada em algum lugar do céu, pouco acima das nuvens, segundo dizia Moisés. Na montanha de Açucar os sete dias da semana eram domingo, o campo floria o ano inteiro, e cresciam torrões de açúcar bolos de linhaça nas sebes. Os animais detestavam Moisés porque viva contando histórias e não trabalhava, porém alguns acreditavam na Montanha de Açucar e os porcos tiveram grande trabalho para convence-los que tal lugar não existia”.
Expliquem qual instituição social e quais idéias são simbolizadas pelo corvo Moises e a história da Montanha de Açucar:

5 ) O final do capítulo II fala do leite excedente produzido pelas vacas que ficou sob a responsabilidade dos porcos, mas o mesmo desapareceu sem maiores explicações. O que o grupo entende sobre esta passagem do livro? Faça a correspondência desta metáfora com os fatos da vida real.
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SEGUNDOS ANOS
O que é poder?
O poder deve ser analisado sob múltiplos aspectos, porque em vários tipos de relações sociais ele está presente. Assim, uma resposta à questão “o que é poder” deve levar em consideração seu aspecto relacional. Quando um chefe, no local de trabalho, dá uma ordem, ele se vale de seu poder. Quando uma mãe ordena que seu filho retorne para casa às dez horas, ela se vale de seu poder. Quando um político cria uma lei, usa o poder que a sociedade deu a ele. Enfim, o poder tem variados aspectos na vida social, que não podem ser analisados de maneira isolada.
Mas nem todo poder é permitido em uma sociedade. O assaltante não tem permissão para andar armado e roubar as pessoas. Entretanto, o chefe do trabalho tem um poder legítimo. Da mesma maneira, um político pode usar seu poder para criar leis, mas não pode usá-lo para roubar o dinheiro público. Essa permissão para o uso do poder é compreendida pela sociologia pelo conceito de legitimidade. A legitimidade é o uso do poder dentro de uma ordem social, conforme a procedência em relação à lei e aos valores.
No entanto é na política que essa legitimidade é definida. A política é a definição de todos os procedimentos mediante os quais o poder pode ser utilizado na sociedade, tendo em vista o bem comum. A proibição do assalto passa pela política, bem como a permissão do poder do chefe no local de trabalho. É na política que a permissão para o uso do poder e seus limites são definidos.
Nas sociedades modernas, o Estado é a instituição social que monopoliza o poder e expressa as relações políticas.
Gilberto Dimenstein
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QUESTÕES:
1 – Escrevam, com as suas próprias palavras, aquilo o que o grupo define como sendo o PODER. Fiquem à vontade para dar exemplos e fazer correspondências entre fatos da vida real.
2 – Conforme foi trabalhado nas aulas, o Estado moderno se sustenta através da divisão entre os três poderes: legislativo, que cria as leis, executivo, que põe as leis em prática e judiciário, que julga a prática das leis. Comentem sobre a importância desta divisão, falando por que é tão importante que o poder seja dividido entre três “departamentos”.
3 – (...) é na política que essa legitimidade é definida. A política é a definição de todos os procedimentos mediante os quais o poder pode ser utilizado na sociedade, tendo em vista o bem comum (...). Façam um comentário sobre a importância do cumprimento do contrato pedagógico para que todos sejam beneficiados no processo educacional proposto pelo Colégio Anchieta.
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Sobre o livro “1984”
Assim como em “A Revolução dos Bichos”, em 1984 Orwell não economiza metáforas críticas aos rumos que a revolução socialista tomou na extinta União Soviética, mais particularmente à sangrenta ditadura de Joseph Stalin.
O livro foi escrito no ano de 1948, e seu título nada mais é que a inversão dos dois algarismos finais. Ele fala de como é terrível o cotidiano numa sociedade totalitária, isto é, uma sociedade administrada por um governo centralizador e que não admite nenhum tipo de discordância por mínima que seja. O personagem central é Winston Smith, um homem solitário e inconformado em viver num mundo onde em todo e qualquer lugar que você estivesse haveriam microfones, câmeras e informantes do governo analisando por 24 horas cada um de seus movimentos para agir imediatamente diante do mínimo sinal de insubordinação, prontos a fazer valer a vontade do Grande Irmão, ou Big Brother em inglês.
Se você está percebendo uma semelhança com o reality show que é sucesso da Rede Globo, não é mera coincidência. O programa foi mesmo inspirado nesta idéia do livro, apesar do enfoque completamente distinto.
O Big Brother é um personagem duplamente metafórico; não somente personaliza o ditador Joseph Stalin como também representa o Estado totalitário propriamente dito. Emmanuel Goldenstein, personagem frisado como o maior inimigo do Grande Irmão é uma alusão direta a Lev Davidovich Bernstein, ou simplesmente Trotsky, o principal dissidente do regime stalinista, morto em seu exílio no México no ano de 1940 a mando de Stalin.
Uma das questões futuristas mais marcantes no livro é a da chamada teletela – em 1948 a televisão ainda não existia como meio de comunicação de massa, mas Orwell já previa que haveria 36 anos depois, no ano de 1984, um aparelho de som e imagem dentro de cada lar, através do qual o poder político exerceria forte influencia sobre a vida das pessoas – o que realmente se confirmou.
Já se passaram 25 anos de 1984, e 61 do ano em que o livro foi escrito. Cinco anos depois de 1984, o regime soviético iria cair e todos os regimes totalitários da Europa Oriental alinhados com o a União Sovietica também faliram – fato histórico marcado pela queda do Muro de Berlim.
Com certeza, 1984, juntamente com A Revolução dos Bichos foram o alerta de Orwell ao mundo ocidental sobre o perigo que representava um regime pseudosocialista imposto ditatorial e repressivamente, que se autointitulava “representante do povo”, o qual desvirtuou os ideais do socialismo.

Questões:
4 - Winston deixou cair os braços e lentamente tornou a encher os pulmões de ar. Seu espírito mergulhou no mundo labiríntico do duplipensar. Saber e não saber, ter consciência de completa veracidade ao exprimir mentiras cuidadosamente arquitetadas, defender simultaneamente duas opiniões opostas, sabendo-as contraditórias e ainda assim acreditando em ambas; usar a lógica contra a lógica, repudiar a moralidade em nome da moralidade, crer na impossibilidade da democracia e que o Partido era o guardião da democracia; esquecer tudo quanto fosse necessário esquecer, trazê-lo à memória prontamente no momento preciso, e depois torná-lo a esquecer; e acima de tudo, aplicar o próprio processo ao processo. Essa era a sutileza derradeira: induzir conscientemente a inconsciência, e então, tornar-se
inconsciente do ato de hipnose que se acabava de realizar. Até para compreender a palavra "duplipensar" era necessário usar o duplipensar.
O que seria o “duplipensar”?. Estabeleçam relações com a realidade cotidiana.
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5 - Façam um comentário sobre o lema do Grande Irmão: GUERRA É PAZ, LIBERDADE É ESCRAVIDÃO, IGNORÂNCIA É FORÇA, estabelecendo correspondências com a questão da construção da democracia que foi trabalhada nas aulas.
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TERCEIROS ANOS.
Conversando sobre o cenário mundial na atualidade.
Onze de setembro de 2001 – o mundo jamais irá esquecer da tragédia das Torres Gêmeas de Nova Iorque.
Os grandes fatos simbolizam mudanças das fases na história da humanidade, como foi a queda do Império Romano na antiguidade, como foi a Revolução Francesa, como foi a bomba de Hiroshima, como foi a queda do Muro de Berlim, entre outros.
Assim, a tragédia das Torres Gêmeas, podemos dizer, foi um marco que estabeleceu uma nova conjuntura de relações no mundo atual, que se apresenta segundo as seguintes questões:
- A questão da nova ordem mundial: substituição da tensão bipolar entre Estados Unidos e União Soviética por uma situação de concorrência multipolar entre diversos blocos econômicos, especialmente o bloco da América do Norte, o NAFTA, a União Européia, o MERCOSUL e a APEC, que congrega potências econômicas do Pacífico, entre elas Japão, Nova Zelândia e Austrália; faz parte deste assunto também a questão das potências emergentes, o BRIC – Brasil, Russia, India e China, a questão da miséria no mundo, especialmente a estagnação da Africa, os conflitos no Oriente Médio e a questão ambiental.
- A questão das minorias: a popularização da pílula anticoncepcional e de outros métodos contraceptivos impulsionou a emancipação da mulher no mundo ocidental, assim como o advento da AIDS determinou mudanças radicais no comportamento social, entre eles a organização dos homossexuais que os impulsionou em busca de seus direitos. Os negros tiveram recentemente um grande triunfo em sua luta contra a discriminação com a eleição de Barak Obama.
- A Revolução Digital: o advento e popularização da informática e da internet tem tido profunda influencia sobre o comportamento social, sobre a política e sobre a economia, com significativas mudanças nas questões do poder e da comunicação.
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QUESTÕES:
1 – Comentem como os fatos da atualidade exercem influência sobre a vida, sobre a rotina diária de vocês.
2 – Durante as aulas muito se comentou sobre as questões do equilíbrio do poder no Estado. Comentem como o grupo observa o Estado brasileiro na atualidade, seus principais problemas, suas principais qualidades.
3 – Vocês enxergam a presença das minorias sociais entre os alunos do Anchieta? Comentem sobre a questão de estudantes negros, nordestinos e descendentes, pobres, obesos, estrangeiros, deficientes físicos e mentais, e mesmo sobre a questão do homossexualismo entre os estudantes do Colégio Anchieta.
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Sobre o livro “O Lobo da Estepe”
O Lobo da Estepe foi escrito na Alemanha, no ano de 1927. A Europa estava saindo da Primeira Guerra Mundial, resquício de conflitos malresolvidos das disputas nacionalistas e territoriais remanescentes dos rancores e rivalidades dos tempos feudais, isso sem contar que o choque socialista da Revolução Russa era um fantasma um tanto que assustador para o estilo de vida europeu, denotadamente burgues. O capitalismo ainda não havia assumido seu formato mais dinâmico, e sua fragilidade imatura ia demonstrar seu ápice na grande recessão dos anos de 1929 e 1930. A Europa buscava um sentido para sua existência decadente, perante o crescimento dos Estados Unidos, já que com isso ela deixava de ser o centro do mundo ocidental.
Naqueles tempos as mulheres já nasciam com o futuro definido para serem boas donas de casa, dedicadas esposas e mães prestimosas; para elas, sonhar além disso era imoral. Nas escolas, as crianças eram separadas em classes masculinas e femininas, disciplinadas com castigos físicos, e para os homens, sair às ruas sem o terno e a gravata, mesmo que simplesmente para ir até a padaria era um ato de desleixo e indisciplina.
Foi nesta sociedade que Hermann Hesse criou seu Lobo da Estepe servindo-se do legado do seu conterrâneo, o filósofo Nietzsche, para quem o sentido da existência humana não estaria na utopia socialista de uma sociedade sem classes sociais, nem no sonho burgues capitalista onde todo bom trabalhador teria seus esforços materialmente recompensados. A razão seria insuficiente para explicar as grandes questões da existência humana, e o homem não seria um valor supremo a ser defendido. O sentido da existência estava no assumir a natural e inevitável disputa contra nosso maior inimigo: o ser humano que existia dentro de cada um de nós e o ser humano que existia no nosso próximo, ambos nos atormentando perenemente com suas imperfeições e insatisfações – a felicidade... seria então, possível?
O Lobo da Estepe nos mostra a crise de Harry Haller, um intelectual de cinquenta anos de idade, dado ao álcool e às drogas que odiava a entediante existencia na sociedade regida por principios burgueses onde cada pessoa o irritava profundamente, e odiava esta sociedade principalmente porque ele mesmo não conseguia libertar-se dela, até encontrar amigos que o levaram a conhecer novos prazeres e descobertas na transgressão das regras, transgressão tolerada e mesmo criada e alimentada pela sociedade burguesa – a contradição.
Será que as reflexões de Hermann Hesse, a despeito de terem sido escritas há mais de 80 anos, antes ainda da Segunda Guerra, do movimento Hippie, da Revolução Sexual, do advento da televisão e do computador, seriam simplesmente uma preocupação de um homem do passado, ou ela ainda pode nos mostrar questões malresolvidas da sociedade atual?
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Questões:
4) Harry Haller era um homem que simplesmente odiava tudo aquilo o que o mundo chama de felicidade, de alegria. A geração atual, à qual nós pertencemos, define como felicidade o sucesso, compreendido por uma tripla satisfação: material/financeira, sexual/afetiva e saúde; em outras palavras: livre e seguro para realizar sonhos de consumo, amado e desejado, com vida longa e repleta de vitalidade para usufruir destes prazeres o máximo que puder.
Mais de oitenta anos depois de O Lobo da Estepe ter sido escrito, será que se pode afirmar que nosso conceito de felicidade é diferente do conceito de felicidade daqueles tempos? Comentem.

5) Reflitam e relatem a opinião do grupo sobre o que haveria de tão especial no TEATRO MÁGICO – SÓ PARA LOUCOS que atraiu a atenção de Harry Haller.

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