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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A FILOSOFIA ANTIGA - PRÉ-SOCRÁTICOS.

A Filosofia antiga desenvolveu-se em quatro períodos:
- O Pré-Socrátíco (entre os anos 700 e 450 a.C. aproximadamente).
Este período começa com o surgimento de Tales de Mileto, considerado o pai de toda a Filosofia e Cultura Ocidental, e vai até o surgimento do famoso Sócrates de Atenas, o mais legendário e simbólico de todos os filósofos.
- O Clássico (entre 450 e 300 a.C. aproximadamente).
É o mais importante período da Filosofia antiga. Nele se desenvolveram teorias e obras muitíssimo estudadas em nossas universidades até os dias de hoje. Os principais filósofos deste período foram Sócrates de Atenas, Platão de Atenas e Aristóteles de Estagira.
Cabe ressaltar que este período é considerado o mais importante da Filosofia Antiga porque deu-se no apogeu da civilização grega, em particular na Atenas democrática.
- O Alexandrino ou Helenistíco (entre 300 a.C. e 200 d.C. aproximadamente).
Neste período destacaram-se os sucessores de Platão e Aristóteles, e também a Filosofia Estóica, a Epicurista e a Cética.
- O Greco-Romano (entre 200 e 530 d.C.).
Este período é caracterizado pelo surgimento da Filosofia cristã e a sua fusão com a Filosofia grega. Nele se destacam os filósofos Sêneca, Plotino, Hermes Trismegisto, Porfirio, Plutarco, Proclo e Simplício.
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A ESCOLA JÔNICA.
Fugindo das invasões dóricas, os gregos de Micenas refagiaram-se no oeste da Ásia Menor, numa região denominada Jônia. Lá fundaram algumas cidades, dentre as quais se destacou Mileto. O desenvolvimento do comércio e a abundância do ouro fez com que lá surgissem grandes centros nos quais desenvolveu-se uma fértil atividade cultural. Foi na Jônia que nasceu a Filosofia.
Além da sua Filosofia, na qual se discutia principalmente a questão da mutabilidade da natureza, os Jônicos desenvolveram a Astronomia e a Matemática, em função de conhecimentos adquiridos de contatos com povos do Oriente.
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TALES DE MILETO
Tales viveu entre os séculos VII e VI a.C., e, sobre a sua vida contam-se vários episódios.
Matemático e astrónomo, previu um eclipse solar que ocorreu no ano de 585 a.C.(?). Dizem que certa vez, distraído observando os astros, caiu num poço.
Enriqueceu devido às suas eximias habilidades de comerciante.
É considerado o "Pai da Filosofia e de toda a Cultura Ocidental".
Tales provavelmente nada escreveu. De sua Filosofia só restam os comentários sobre a mesma, de autoria dos filósofos posteriores (doxografia).
A matemática secundarista nos ensina o famoso "Teorema de Tales".
Segundo os seus comentadores, Tales afirmava que na natureza existia um único elemento primordial (a arché) a partir do qual tudo se origina; esta arché, para Tales seria a água.
A água encontra-se presente em tudo. Em todos os organismos vivos existe a umidade. Ao resfriar-se, a água se condensaria, dando origem à terra; ao aquecer-se tornaria-se ar que retornaria á terra em forma de chuva. Deste ciclo surgiria a vida animal e vegetal.
A própria Terra seria um disco que flutua sobre as águas.
Podemos perceber que as especulações pré-científicas de Tales parecem insuficientes para explicar a origem do Universo, porém deve-se considerar que Tales apenas iniciou uma busca que existe até hoje na construção do conhecimento.
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HERÁCLITO DE ÉFESO
Heráclito viveu entre os anos de 536 e 470 a.C. na cidade de Éfeso, na região da Jônia.
De sua vida só se sabe que pertencia a uma família de aristocratas, e só não se tornou rei porque cedeu esta honra a seu irmão.
No período em que os persas dominaram Éfeso, o Imperador Dario I convidou Heráclito para transmitir-lhe os seus conhecimentos, dos quais pouco entendeu.
Heráclito ficou conhecido como "O Obscuro", pois escrevia de forma enigmática curtas frases (aforismos) de difícil entendimento.
Do seu livro "Sobre a Natureza", chegaram até nós pouquíssimos fragmentos, sobre os quais ainda restam dúvidas sobre sua autenticidade. Fora tais documentos, existem os comentários doxográficos.
Segundo Heráclito, a physis é regulada por uma única lei universal imutável - a lei do Logos - o princípio que se esconde por trás de todas coisas da natureza. Segundo a lei do Logos nada permanece, nada é eterno, tudo está em constante transformação, constante movimento.
A arché de Heráclito é o fogo. O fogo nunca está parado, as chamas estão em constante movimento. O fogo a tudo destrói; por um movimento descendente (condensação), as coisas afetadas pelo fogo tornam-se terra; por um movimento ascendente (rarefação) tomam-se ar; pela condensação do ar surge a agua que se evapora em contato com o fogo.
Na natureza nada é, tudo é um eterno fluir, um "vir-a-ser".
Heráclito formulou também a teoria da "Harmonia dos Contrários", a qual diz que o constante movimento das coisas se dá através de um combate das forças naturais contrárias entre si, um combate harmónico no qual se configura a lei do Logos.
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A ESCOLA ELEATA.
No século VI a.C., os persas invadiram a Jônia. Fugindo dos persas, os Jônios da Foécia (ao norte de Mileto) fundaram a cidade de Eléia no sul da Itália.
Ao contrário da escola Jónica cujos filósofos afirmavam que a natureza é um imenso conjunto de forças contrarias em constante combate, os filósofos Eleatas afirmavam que é impossível que a natureza pudesse formar uma unidade através de forças contrárias, sendo absurda a transformação constante.
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PARMÊNIDES DE ELÉIA.
Parmênides viveu entre os anos de 515 e 440 a.C.
Além de filósofo foi um grande político. Provavelmente teve contato com a seita dos Pitagóricos, cuja doutrina combateu posteriormente.
Escreveu um poema cujo titulo é “Sobre a Natureza”, onde expõe os princípios de sua Filosofia.
Algo que estaria em constante mudança seria algo contraditório consigo mesmo, não podendo portanto existir na natureza algo assim.
Tudo o que existe na natureza é único, eterno e imutável, sem variações.
Ao contrário das afirmações dos Jónicos, Parmênides negava o "vir-a-ser" de Heráclito, afirmando que "o ser é, e o não-ser não é; nada que não é ser jamais pode vir-a-ser", ou seja, na natureza nada muda, tudo é eterno, tudo permanece. Parmênides compara a natureza a uma esfera, que é uma totalidade completa em si própria na qual todas as partes equilibradamente possuem igual distância de seu centro.
Este pensamento, difícil de ser compreendido, lançou as bases da Metafísica (meta - além e physis- natureza). A metafísica seria então a parte abstrata das coisas, a sua essência, a qual não pode existir materialmente mas só em espirito (pensamento).
Ao contrário dos Jônicos que buscavam a arché que é um elemento material no qual estaria a origem da natureza, Parmênides não procurava este princípio na matéria. Por isto é considerado o primeiro metafísico da história da Filosofia.
O ser para Parmênides seria o próprio pensamento. Ser e pensar seria a mesma coisa. Além de estabelecer as bases da metafísica, Parmênides, ao estabelecer o "princípio de identidade" entre ser e pensamento, estabeleceu as bases da Lógica.
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OUTROS FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS.
Não menos importantes que os filósofos descritos anteriormente, existiram outros grandes expoentes da Filosofia no período Pré-Socrático que foram:
ANAXIMANDRO DE MELETO (610 - 547 a.C.) - Jônico, sua arché seria o ápeiron - o indeterminado.
ANAXÍMENES DE MILETO (585 - 528(5) a.C.) - Também jônico, defendia que a arché seria o ar.
PITÁGORAS DE SAMOS (580(78) - 497(6) a.C.) - A ele é atribuída a invenção da palavra Filosofia, amante da sabedoria. A escola por ele fundada (a Pitagórica) assumiu características de seita mística secreta. A ele é atribuída a elaboração do famoso "Teorema de Pitágoras".
A Escola Pitagórica é uma das mais importantes de toda a história da Filosofia.
Para os Pitagóricos, o número seria a essência do todo existente.
ANAXÁGORAS DE CLAZÔMENAS (500 - 428 a.C.) - Afirmava que o voua (nous -espírito ou inteligência) é a origem do movimento e da pluralidade, sendo a natureza composta não por uma arché, ou por quatro elementos, mas por incontáveis elementos.
DEMÓCRITO DE ABDERA (460 - 370 a.C.) - Desenvolveu a teoria atomista, que é fundamental até os dias de hoje para a química. Nela afirmava que a matéria é composta por infinitas partículas não divisíveis, e que tais partículas chamavam-se aiofioo (átomos -indivisíveis).
LEUCIPO DE MILETO (500 - ? a.C.) - Mestre de Demócrito, lançou as bases da teoria atomista.
MELISSO DE SAMOS (444(1) - ? a.C.) - Foi defensor das teorias eleáticas.
FILOLAU DE CROTONA (séc. V a.C.) - Um dos maiores pitagóricos, foi mestre de Demócrito e Arquitas. studou a matemática acima de tudo, concebendo a entidade abstraía da matemática - o numero - como a chave de explicação do Universo.
ZENON DE ELÉIA (504(1) - ? a.C.) - Discípulo de Parmênides, formulou o curioso paradoxo de "Aquiles e a Tartaruga", pelo qual nega as teorias jónicas do movimento constante da natureza.
EMPÉDOCLES DE AGRIGENTO (490 - 435 a.C.) - Procurou fazer uma fusão das teorias jônicas com as eleáticas. Segundo Empédocles, a natureza é composta por quatro elementos: água, ar, terra e fogo, sendo o ser eterno e indivisível, mas não imóvel.
ARQUITAS DE TARENTO (400 - 365 a.C.) - Grande pitagórico, acredita-se ter sido o fundador da mecânica cientifica. Foi amigo de Platão.
XENÓFANES DE COLOFÃO (570 - 528 a.C.) - Viveu em diversas cidades gregas, e parece ter tido afinidade com as teorias eleatas, o que é duvidoso. Foi crítico de Tales e de Pitágoras.

Por Douglas Gregorio.

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