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sábado, 3 de março de 2012

ARISTÓTELES.

Aristóteles nasceu em 384 a.C. em Estagira, na Magna Grécia, região da Macedônia, e morreu em 322 a.C. em Caleis, na Eubéia.

Seu pai Nicômaco, médico da corte macedônica, o envia para Atenas aos dezoito anos. Ingressa na Academia, tornando-se um dos mais brilhantes discípulos de Platão, nela permanecendo até a morte do mestre vinte anos depois.

Foi preceptor (educador) de Alexandre Magno, imperador da Macedônia, quando este ainda era o príncipe Alexandre, filho do rei Filipe II.

Após a morte de Platão viaja a estudo por várias localidades do mundo conhecido na época, muitas vezes acompanhando as campanhas militares de Alexandre, delas se aproveitando para realizar pesquisas cientificas.

Quando não acompanhava Alexandre, dele recebia em Atenas exemplares de animais, plantas e minerais coletados para estudo durante suas campanhas militares em terras distantes.

Ao empreender suas violentas conquistas sobre as cidades do mundo grego, Alexandre tinha por hábito não deixar sequer uma construção em pé, exceto apenas,as casas dos filósofos, dada a influência do mestre sobre o belicoso, porém intelectualmente sensível imperador.

Após a morte de Alexandre, Aristóteles, que era estrangeiro em Atenas e aliado do falecido dominador, foi levado a julgamento sob pretexto de desrespeito aos costumes religiosos.

Condenado, parte para o exílio alegando estar evitando o segundo atentado contra a filosofia (o primeiro havia sido a morte de Sócrates), vindo a falecer um ano depois, em 322 a.C.

Elaborou primorosos trabalhos nas áreas da física, astronomia, zoologia botânica entre outros. De suas obras nos restaram as anotações das aulas que ministrava no Liceu, escola fundada por ele em Atenas, semelhante à Academia com a qual passou a rivalizar. Seus escritos só foram organizados bem após a sua morte.

Uma de suas maiores contribuições para a filosofia se deu na lógica. Seus estudos neste campo permanecem válidos até os dias de hoje.

  A FILOSOFIA DE ARISTÓTELES

Platão, que havia sofrido a influência dos pitagóricos, tomava a metafísica (matemática) como ponto de partida para a Filosofia. Aristóteles respeita o seu trabalho, porém, o julga insuficiente pelo fato de que Platão não apresenta uma explicação satisfatória para os fenómenos e seres do mundo sensível.

A lógica de Aristóteles consiste numa aprimorada técnica de analise da realidade, calcada no grau de identidade que os seres teriam com as figuras da linguagem (palavras, orações, expressões entre outras) que usamos quando nos referimos a eles.

Quando elaboramos uma afirmação, devemos respeitar certas regras para que ela se aproxime em maior grau possível da verdade, evitando que juízos habilmente trabalhados com a intenção de esconder a realidade nos enganem.

A este conjunto de regras lógicas que regem a linguagem chamamos de órganon (instrumento). O órganon não é o conhecimento, mas sim um condição para o mesmo.

Pelo órganon, as palavras devem ser classificadas em categorias, ou seja, segundo a sua função.

A principal categoria é a substância, que indica o objeto sobre o qual se afirma algo, gramaticalmente, o sujeito da oração.

Por exemplo: árvore frondosa - Árvore é a substância.

Há, por exemplo, categorias de quantidade: a árvore possui centenas de folhas; de qualidade: frondosa; de lugar: a árvore está na floresta, entre outras.

As proposições podem ser:

- Universais: toda árvore é um vegetal ou nenhuma árvore é animal;

- Particulares: algumas árvores são frutíferas ou algumas árvores não são frutíferas;

- Singulares: a árvore que está plantada em frente a minha casa é um ipê.

Também há as proposições de gênero: árvores e cactos são vegetais; de espécie: fungos são vegetais sem clorofila. Gênero e espécie definem a essência.

Propriedade indica algo que se refere a um grupo de substâncias que não lhe é essencial. Por exemplo: algumas árvores podem produzir frutas.

Acidente refere-se á uma particularidade de uma substância, sem alterar a sua essência, por exemplo: a árvore está desfolhada.

O principal principio da lógica de Aristóteles é o principio de identidade ou da contradição ou ainda da não-contradição. Por exemplo, a árvore frondosa não pode ser árvore desfolhada ao mesmo tempo. É o mesmo principio elaborado por Parmênides, só que aprimorado.

Um ser pode possuir um determinado atributo, o qual não pode pertencer e não pertencer a este ser ao mesmo tempo e sob a mesma relação.

A partir deste principio, nossas afirmações vão se reunindo e formando o nosso conhecimento.

A lógica Aristotéiica possui uma outra regra chamada de silogismo, palavra que significa cálculo ou raciocínio.

O exemplo mais clássico de silogismo é: 

                      - Todo homem é mortal.                       Premissa (juízo) maior. 

                      - Sócrates é homem.                             Premissa (juízo) menor. 

                      - Logo, Sócrates é mortal.                     Conclusão.

 
            A metafísica.

As nossas sensações levam as impressões (imagens) que temos dos seres particulares para, o nosso intelecto. Cabe a este separar o acidente da essência, ou seja, se eu observo um conjunto com vários tipos de seres da mesma espécie, cabe ao meu intelecto definir a essência desses seres que é única, e não múltipla.

Por exemplo, ao observar um bosque (conjunto) com vários tipos diferentes de árvores (seres da mesma espécie), a minha sensação (contato visual) levará as impressões (imagens) para o meu intelecto.

Uma oliveira é uma árvore, mas nem toda árvore é uma oliveira. A essência do ser árvore é algo imaterial (metafísico), só definivel no nosso intelecto, á medida em que podemos determinar algo em comum entre as oliveiras, nogueiras, coqueiros, sicômoros etc. A esta essência chamamos de conceito.

Somente em domínio destes conceitos podemos garantir uma base sólida para as demais ciências, as quais só se ocupam de aspectos particulares da realidade. Por este motivo, Aristóteles chamou à metafísica de Filosofia Primeira.

            Ato e potência - as quatro causas.

Mas, como o mestre Platão também afirmava, o mundo sensível está em constante transformação. Aristóteles vai aprofundar os estudos sobre este mundo sensível, desenvolvendo as noções de ato e potência. O que isto significa?

Ato refere-se ao estado atual do ser, tal como o percebo no espaço e no tempo, e potência refere-se ao que ele pode vir a se transformar, sem afetar a sua essência. Por exemplo: uma árvore em ato é lenha para uma fogueira em potência.

A passagem entre os estado atual e potencial possui uma causa, que, segundo Aristóteles, se desdobra em quatro fases.

                  Causa material - a árvore é composta de madeira; 

                  Causa formal - a forma de uma árvore propriamente dita;

                  Causa eficiente - o lenhador derruba a árvore e reparte os toros; 

                  Causa final - a madeira é queimada.

- A causa primeira:

Toda causa é efeito de uma causa anterior, porém, se tudo tem a sua causa, onde todo o processo da existência teria tido o seu inicio? Ora, Aristóteles pressupõe a existência de uma causa primeira, a causa não causada origem de todas as causas.

Não sendo causada, deve ser imóvel, pois tudo o que se move tem uma causa anterior, nem possui potencialidades, uma vez que não se move (entenda-se, não se transforma). Forma pura, ato puro sem potência, é o primeiro motor do universo.

Esta é a definição que Aristóteles apresenta acerca de Deus.

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