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sábado, 3 de março de 2012

PLATÃO.

Platão, aluno de Sócrates, viveu entre 427(7) e 347 a.C. na Atenas democrática. É considerado por muitos como o maior filósofo de todos os tempos.

Atleta, ele dedicava-se ao esporte que hoje conhecemos por luta greco-romana. Seu verdadeiro nome era Arístocles, mas ficou conhecido pelo apelido esportivo, Platão, que significa homem de ombros largos.

Após a morte de Sócrates a democracia ateniense entrou em decadência, e com ela o prestígio de Platão, cuja família havia assumido o papel de oposição ao poder estabelecido. Assim sendo, Platão retira-se de Atenas e empreende uma série de viagens de estudos.

Visita a Magna Grécia (oeste da Ásia) onde trava contato com os pitagóricos, estudando a matemática, a música, a astronomia e a geometria. Em Siracusa (Itália), trabalha como assessor político dos governantes locais, seus parentes, mas não obtém sucesso.

Fundou em Atenas uma famosa escola, a Academia, em cuja porta escreveu o lema de inspiração pitagórica: Não entre se não souber geometria. A Academia era uma espécie de irmandade de caráter próximo ao místico, onde se estudava a matemática, a geometria, a música, a astronomia, se praticava o esporte e principalmente se estudava a Filosofia – percebe-se aqui, claramente, a influência de Pitágoras.

A Academia foi uma escola tão importante que sobreviveu por quase oitocentos anos após a morte de seu fundador.

Platão escreveu uma vasta obra, embora grande parte tenha se perdido entre os séculos e as guerras.

A maioria de seus livros foram escritos em forma de diálogo, Platão escreveu dezenas deles, na maioria dos quais Sócrates aparece como o personagem principal. Os seus diálogos mais famosos são A República, no qual ele desenvolve sua teoria política; O Banquete, é o diálogo onde trata do conceito de amor.

Platão foi o primeiro filósofo a elaborar um grande sistema de conhecimento, o qual serve de modelo para cientistas, artistas, políticos e filósofos até os dias de hoje de forma marcante, apesar disto muitas vezes passar desapercebido. Por exemplo, o ex-presidente da França, Charles de Gaulle tinha A República como livro de cabeceira.
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A FILOSOFIA PLATÔNICA.
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O conjunto das obras de Platão, mesmo tendo chegado incompleto até nós, representa uma fonte de inúmeros temas que geram, até os dias de hoje, vários campos de investigação filosófica.
A teoria das idéias.

O sistema filosófico platônico baseia-se numa cosmologia que afirma: tudo o que existe é basicamente composto de duas partes - a aparência e a essência.

A este duplo caráter da existência chamamos de dualismo platônico.

A característica básica daquilo o que for aparência é a transformação.

A característica básica daquilo o que for essência é a permanência.

As aparências situam-se no mundo sensível (físico), e as essências no mundo inteligível (metafísico).

No mundo sensível, os homens definem como verdade aquilo que percebem como formas da realidade, o que não passa de apenas aparências. Disto decorrem as divergências de opiniões, as quais podem refletir interesses particulares de quem as defende, o que relega o conhecimento sensível ao plano das ilusões.

Assim, a verdade não pode jamais ser encontrada no mundo das aparências. O verdadeiro conhecimento das essências seria a ciência. Os conhecimentos da ciência encontrariam sua forma mais perfeita, isto é, verdades únicas e imutáveis, na matemática, sobre as quais não haveriam divergências, sendo possível assim se estabelecer a suprema verdade e o supremo bem.

Este mundo, o mundo das essências, o mundo supra-sensível ou inteligível seria para Platão o verdadeiro mundo real.

Por exemplo: tomemos vários objetos de um mesmo tipo - árvores - flamboyants, salgueiros, palmeiras etc. Todos eles possuem uma aparência distinta, acerca da qual nossas opiniões podem divergir - a mais bonita, a mais útil, entre outras. Porém, todas elas possuem a mesma essência - ser árvore - verdade sobre a qual seria um absurdo discordar.

Assim sendo, todo o nosso conhecimento, em todo e qualquer campo, só terá valor verdadeiro se abandonarmos as opiniões ilusórias do mundo sensível e buscarmos as essências reais no mundo inteligível.

As sensações e as formas do mundo sensível não são permanentes e estão longe de serem a verdade porque se degeneram (nada do que é material é eterno), sendo apenas imitações das verdades eternas do mundo inteligível, as quais não podem ser destruídas por nenhuma força conhecida.
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A teoria política platônica: o ideal do Rei-Filósofo.

Platão era filho da aristocracia ateniense e inimigo da democracia. Para Platão, a democracia abria margem a uma série de problemas, entre eles a manipulação das leis e dos recursos do Estado para interesses particulares, e deu como exemplo a injusta condenação de Sócrates.

Cabe lembrar que a democracia ateniense tinha um sentido muito diferente do que significa democracia nos dias atuais. Na Atenas de Platão, somente poucos homens tinham o título de cidadão, com direitos políticos. A grande maioria da população era composta por jovens, mulheres, estrangeiros e escravos que não tinham direitos políticos, ou seja, apesar do ideal de dividir as decisões entre todos através do voto, na prática apenas uma elite privilegiada tinha direitos democráticos.

Em conformidade com sua teoria das idéias, Platão afirmava que o homem é composto de corpo e alma, sendo o corpo corruptível e a alma eterna. Esta alma teria sua origem no mundo metafísico, ou mundo das idéias como Platão o chamava. Neste mundo metafísico, onde existiam as idéias perfeitas e imutáveis e o supremo bem, as almas teriam contato, em maior ou menor grau, com a verdade suprema.

Assim, ao nascerem, os indivíduos seriam divididos em três classes sociais.

Ao nascer com a alma nos membros, ou alma apetitiva, estes indivíduos estariam destinados a ser os escravos, artesãos, camponeses e demais trabalhadores braçais. Suas almas teriam tido pouco contato com as idéias perfeitas, e assim não eram possuidores de conhecimento suficiente para governar, estando destinados, portanto, a trabalhar e produzir materialmente tudo o necessário para o sustento do Estado, e, por conseguinte, não poderiam ter direitos políticos – a eles caberia obedecer e servir.

Ao nascer com a alma no peito, ou alma colérica, estes indivíduos constituiriam a força pela qual não somente os excessos apetitivos da classe dos trabalhadores braçais seriam contidos, mantendo-se assim a ordem social, como também, pela sua faculdade colérica, esta força exerceria o papel de proteger a sociedade de ameaças externas. Trata-se da classe dos guerreiros, que se colocam numa posição intermediária, cuja alma teve um contato maior com as idéias perfeitas, mas não o suficiente para governar. Assim como a classe anterior, não teriam direitos políticos senão obedecer e servir.

Enfim, ao nascer com a alma na cabeça, ou alma racional, estes indivíduos teriam tido um grau elevado de contato com as idéias perfeitas e, portanto, teriam o domínio do conhecimento pleno. Obviamente, a eles caberia a função de governar e decidir, já que somente eles teriam a capacidade de trazer para o plano sensível os mais elevados valores morais, pois ao contrário das duas classes anteriores, não estariam sujeitos à ilusão dos sentidos e não se deixariam levar pelas aparências em suas decisões, cabendo aos mesmos a função de educar a sociedade como magistrados, ou reis-filósofos.

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