UM BLOG PEDAGÓGICO E CULTURAL A SERVIÇO DE ESTUDANTES, PROFESSORES, PESQUISADORES E INTERESSADOS EM GERAL.



domingo, 30 de junho de 2013

Manuel Castells: ‘O povo não vai se cansar de protestar’

  • Sociólogo afirma que ausência de líderes éuma das qualidades dos protestos no Brasil e diz que país vai influenciarpaíses vizinhos
Publicado:
Atualizado:

Na rua está “a sociedade em sua diversidade”, diz Castells
Foto: Luiz Munhoz/FatoPress/Folhapress/10-6-2013

Na rua está “a sociedade em sua diversidade”, diz Castells Luiz Munhoz/FatoPress/Folhapress/10-6-2013
Para o sociólogo catalão Manuel Castells, boa parte dos políticos é de “burocratas preguiçosos”. Ele é um dos pensadores mais influentes do mundo, com suas análises sobre os efeitos da tecnologia na economia, na cultura e, principalmente, no ativismo. Conhecido por sua língua afiada, o espanhol falou ao GLOBO por e-mail sobre os protestos.
Os protestos no Brasil não tinham líderes. Isso é uma qualidade ou um defeito?
Claro que é uma qualidade. Não há cabeças para serem cortadas. Assim, as redes se espalham e alcançam novos espaços na internet e nas ruas. Não se trata, apenas, de redes na internet, mas redes presenciais.
Como conseguir interlocução com as instituições sem líderes?
Eles apresentam suas demandas no espaço público, e cabe às instituições estabelecer o diálogo. Uma comissão pode até ser eleita para encontrar o presidente, mas não líderes.
Como explicar os protestos?
É um movimento contra a corrupção e a arrogância dos políticos, em defesa da dignidade e dos direitos humanos — aí incluído o transporte. Os movimentos recentes colocam a dignidade e a democracia como meta, mais do que o combate à pobreza. É um protesto democrático e moral, como a maioria dos outros recentes.
Por que o senhor disse que os protestos brasileiros são um “ponto de inflexão”?
É a primeira vez que os brasileiros se manifestam fora dos canais tradicionais, como partidos e sindicatos. As pessoas cobram soberania política. É um movimento contra o monopólio do poder por parte de partidos altamente burocratizados. É, ainda, uma manifestação contra o crescimento econômico que não cuida da qualidade de vida nas cidades. No caso, o tema foi o transporte. Eles são contra a ideia do crescimento pelo crescimento, o mantra do neodesenvolvimentismo da América Latina, seja de direita, seja de esquerda. Como o Brasil costuma criar tendências, estamos em um ponto de inflexão não só para ele e o continente. A ideologia do crescimento, como solução para os problemas sociais, foi desmistificada.
O que costuma mover esses protestos?
O ultraje, causado pela desatenção dos políticos e burocratas do governo pelos problemas e desejos de seus cidadãos, que os elegem e pagam seus salários. O principal é que milhares de cidadãos se sentem fortalecidos agora.
O senhor acha que eles podem ter sucesso sem uma pauta bem definida de pedidos?
Acho inacreditável. Além de passarem por uma série de problemas urbanos, ainda se exige que eles façam o trabalho de profissional que deveria ser dos burocratas preguiçosos responsáveis pela bagunça nos serviços. Os cidadãos só apontam os problemas. Resolvê-los é trabalho para os políticos e técnicos pagos por eles para fazê-lo.
Com organização horizontal, esse movimento pode durar?
Vai durar para sempre na internet e na mente da população. E continuará nas ruas até que exigências sejam satisfeitas, enquanto os políticos tentarem ignorar o movimento, na esperança que o povo se canse. Ele não vai se cansar. No máximo, vai mudar a forma de protestar.
Outra característica dos protestos eram bandeiras à esquerda e à direita do espectro político. Como isso é possível?
O espaço público reúne a sociedade em sua diversidade. A direita, a esquerda, os malucos, os sonhadores, os realistas, os ativistas, os piadistas, os revoltados — todo mundo. Anormal seriam legiões em ordem, organizadas por uma única bandeira e lideradas por burocratas partidários. É o caos criativo, não a ordem preestabelecida.
Há uma crise da democracia representativa?
Claro que há. A maior parte dos cidadãos do mundo não se sente representada por seu governo e parlamento. Partidos são universalmente desprezados pela maioria das pessoas. A culpa é dos políticos. Eles acreditam que seus cargos lhes pertencem, esquecendo que são pagos pelo povo. Boa parte, ainda que não a maioria, é corrupta, e as campanhas costumam ser financiadas ilegalmente no mundo inteiro. Democracia não é só votar de quatro em quatro anos nas bases de uma lei eleitoral trapaceira. As eleições viraram um mercado político, e o espaço público só é usado para debate nelas. O desejo de participação não é bem-vindo, e as redes sociais são vistas com desconfiança pelo establishment político.
O senhor vê algo em comum entre os protestos no Brasil e na Turquia?
Sim, a deterioração da qualidade de vida urbana sob o crescimento econômico irrestrito, que não dá atenção à vida dos cidadãos. Especuladores imobiliários e burocratas, normalmente corruptos, são os inimigos nos dois casos.
Protestos convocados pela internet nunca tinham reunido tantas pessoas no Brasil. Qual a diferença entre a convocação que funciona e a que não tem sucesso?
O meio não é a mensagem. Tudo depende do impacto que uma mensagem tem na consciência de muitas pessoas. As mídias sociais só permitem a distribuição viral de qualquer mensagem e o acompanhamento da ação coletiva.

Link original: http://oglobo.globo.com/pais/manuel-castells-povo-nao-vai-se-cansar-de-protestar-8860333

quinta-feira, 14 de março de 2013

Número PI... um raciocínio curioso na perspectiva da cibercultura.


Dia do Pi é comemorado em 14 de março (3/14) em todo o mundo. Pi (letra grega "π") é o símbolo usado na matemática para representar uma constante - a razão entre a circunferência de um círculo com o seu diâmetro - que é aproximadamente 3,14159.
Pi foi calculado para mais de um trilhão dígitos além do seu ponto decimal. Como um número irracional e transcendental, que vai continuar infinitamente sem repetição ou padrão. Embora apenas um punhado de dígitos são necessários para os cálculos típicos, natureza infinita Pi torna um desafio divertido para memorizar, e computacionalmente calcular dígitos mais e mais.
.

domingo, 10 de março de 2013

VOCÊ SABE O QUE É GRIÔ?

Griô seria todo aquele cidadão reconhecido em sua comunidade como um mestre, seja nas artes, seja na tradição religiosa, seja nos ofícios, seja nas tradições folclóricas em suas mais diversas expressões, de modo que nele a ancestralidade e a oralidade vão incorporar um agente vetor de organização, geração e transmissão de conhecimento que fortaleça a identidade comunitária. É nessa perspectiva que a Pedagogia Griô integra mito, arte, ciência e história de vida dos saberes e fazeres de uma tradição comunitária. A Pedagogia Griô coloca como eixo central a identidade e a ancestralidade dos estudantes, tomando a vivência, oralidade e corporeidade como os pontos de partida para a produção do conhecimento. Nesse processo, os mestres griôs e as referências pedagógicas dos pesquisadores brasileiros da educação biocêntrica, Paulo Freire, antropólogos e outros acadêmicos das relações entre a cultura e as expressões étnico-raciais.
.
 
 

sábado, 2 de março de 2013

MATRIX, AGORA, TORNANDO-SE REAL?!

No filme "Matrix" (1999), o personagem Neo aprende Kung-Fu de uma forma interessante: um cabo leva ao seu cérebro as informações necessárias para que ele coloque em prática os ensinamentos da arte marcial.
Ontem, algo semelhante, mas em menor escala, foi notícia em todo o mundo. Em um laboratório da Universidade Duke, na Carolina do Norte (EUA), duas mentes trabalharam juntas -literalmente- para resolver o mesmo problema e obter uma recompensa, num projeto coordenado pelo brasileiro Miguel Nicolelis.
Recentemente, os cientistas conectaram cérebros de dois ratos para transmitir informações motoras e sensoriais entre eles. “Essas experiências mostraram que nós estabelecemos uma ligação de comunicação direta e sofisticada entre cérebros. Então, basicamente, estamos criando uma espécie de computador orgânico”, afirma Nicolelis. (matéria completa em:  http://adnews.com.br/pt/tecnologia/pesquisa-de-nicolelis-pode-inaugurar-a-era-matrix.html )

sábado, 23 de fevereiro de 2013

OS ANOS 70 E A LIBERDADE.

O final apoteótico da ópera rock Tommy, sucesso nos cinemas nos anos 1970. Tommy fala dos conflitos de um jovem que sonhava com a Liberdade, frente ao conturbado mundo pós-guerra onde o capitalismo se fortalecia, tendo os Estados Unidos consolidado seu "american way of life". No filme, Tommy é um garoto invencível no fliperama - a grande novidade de consumo daquela década, o pinball como é chamado em inglês - porém, para atingir essa posição o garoto precisava ser cego, surdo e mudo, envolvido totalmente na sociedade de consumo onde liberdade e fé se confundiam com a adequação ao sistema. Percebe-se a forte influência do movimento Hippie e da estética rock, intimamente ligados. No Brasil tivemos até o eco dessa forma de protesto, com os comerciais do jeans US Top - Liberdade é uma calça velha, azul e desbotada - uma das poucas produções artísticas contestatórias que escaparam da ditadura militar. Mas é isso aí, falô bicho, podiscrê!
.