A Filosofia não é, portanto, uma ciência, porque ela não possui um objeto de estudo definido, nem uma abordagem metódica deste mesmo objeto.
Ela tampouco é algum tipo de religião, porque baseia-se na racionalidade, ou ainda na reflexão sobre a racionalidade, e não na fé, como é característica das religiões.
A Filosofia não apresenta uma definição, um enunciado a partir do qual podemos afirmar “isto se trata de Filosofia”. Ela é uma MODALIDADE DE CONHECIMENTO, assim como é a ciência, a arte, a religião.
Assim sendo, vamos acompanhar o que a filósofa Marilena Chauí nos fala a respeito da Filosofia:
Ela tampouco é algum tipo de religião, porque baseia-se na racionalidade, ou ainda na reflexão sobre a racionalidade, e não na fé, como é característica das religiões.
A Filosofia não apresenta uma definição, um enunciado a partir do qual podemos afirmar “isto se trata de Filosofia”. Ela é uma MODALIDADE DE CONHECIMENTO, assim como é a ciência, a arte, a religião.
Assim sendo, vamos acompanhar o que a filósofa Marilena Chauí nos fala a respeito da Filosofia:
Podemos dizer que a Filosofia surge quando os seres humanos começam a exigir provas e justificações racionais que validem ou invalidem as crenças cotidianas.
Por que racionais? Por três motivos principais: em primeiro lugar, porque racional significa argumentado, debatido e compreendido; em segundo, porque racional significa que, ao argumentar e debater, queremos conhecer as condições e os pressupostos de nossos pensamentos e os dos outros; em terceiro, porque racional significa respeitar certas regras de coerência do pensamento para que um argumento ou um debate tenham sentido, chegando a conclusões que podem ser compreendidas, discutidas, aceitas e respeitadas por outros.
.
A atitude crítica
A primeira característica da atitude filosófica é negativa, isto é, um dizer não aos "pré-conceitos", aos "pré-juízos", aos fatos e às ideias da experiência cotidiana, ao que "todo mundo diz e pensa", ao estabelecido. Numa palavra, é colocar entre parênteses nossas crenças para poder interrogar quais são suas causas e qual é seu sentido.
A segunda característica da atitude filosófica é positiva, isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. É também uma interrogação sobre opor-quê e o como disso tudo e de nós próprios. "O que é?", "Por que é?", "Como é?". Essas são as indagações fundamentais da atitude filosófica.
A face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem o que chamamos de atitude crítica. Por que "crítica"?
Em geral, julgamos que a palavra crítica significa "ser do contra", dizer que tudo vai mal, que tudo está errado, que tudo é feio ou desagradável. Em geral, crítica é mau humor, coisa de gente chata ou pretensiosa que acha que sabe mais que os outros. Mas não é isso que essa palavra quer dizer.
A palavra crítica vem do grego e possui três sentidos principais: 1) capacidade para julgar, discernir e decidir corretamente; 2) exame racional de todas as coisas sem preconceito e sem prejulgamento; 3) atividade de examinar e avaliar detalhadamente uma ideia, um valor, um costume, um comportamento, uma obra artística ou científica. A atitude filosófica é uma atitude crítica porque preenche esses três significados da noção de crítica, a qual, como se observa, é inseparável da noção de racional, que vimos anteriormente.
A Filosofia começa dizendo não às crenças e aos preconceitos do dia a dia para que possam ser avaliados racional e criticamente. Por isso começa dizendo que não sabemos o que imaginávamos saber ou, como dizia Sócrates, começamos a buscar o conhecimento quando somos capazes de dizer: "Só sei que nada sei".
Para Platão, o discípulo de Sócrates, a Filosofia começa com a admiração ou, como escreve seu discípulo Aristóteles, a Filosofia começa com o espanto: "... pois os homens começam e começaram sempre a filosofar movidos pelo espanto (...}. Aquele que se coloca uma dificuldade e se espanta reconhece sua própria ignorância. (...). De sorte que, se filosofaram, foi para fugir da ignorância".
Admiração e espanto significam que reconhecemos nossa ignorância e exatamente por isso podemos superá-la. Nós nos espantamos quando, por meio de nosso pensamento, tomamos distância do nosso mundo costumeiro, olhando-o como se nunca o tivéssemos visto antes, como se não tivéssemos tido família, amigos, professores, livros e outros meios de comunicação que nos tivessem dito o que o mundo é; como se estivéssemos acabando de nascer para o mundo e para nós mesmos e precisássemos perguntar o que é, por que é e como é o mundo, e precisássemos perguntar também o que somos, por que somos e como somos.
A Filosofia inicia sua investigação num momento muito preciso: naquele instante em que abandonamos nossas certezas cotidianas e não dispomos de nada para substituí-las ou para preencher a lacuna deixada por elas. Em outras palavras, a Filosofia se interessa por aquele instante em que a realidade natural (o mundo das coisas) e a realidade histórico-social (o mundo dos homens) tornam-se estranhas, espantosas, incompreensíveis e enigmáticas, quando as opiniões estabelecidas disponíveis já não nos podem satisfazer.
Ou seja, a Filosofia se volta preferencialmente para os momentos de crise no pensamento, na linguagem e na ação, pois é nesses momentos críticos que se manifesta mais claramente a exigência de fundamentação das ideias. dos discursos e das práticas.
Assim como cada um de nós, quando possui desejo de saber, vai em direção à atitude filosófica ao perceber contradições, incoerências, ambiguidades ou incompatibi lidades entre nossas crenças cotidianas, também a Filosofia tem especial interesse pelos momentos de crise ou momentos críticos, quando sistemas religiosos, éticos, políticos, científicos e artísticos estabelecidos apresentam contradições internas ou contradizem-se uns aos outros e buscam transformações e mudanças cujo sentido ainda não está claro e precisa ser compreendido.
A primeira característica da atitude filosófica é negativa, isto é, um dizer não aos "pré-conceitos", aos "pré-juízos", aos fatos e às ideias da experiência cotidiana, ao que "todo mundo diz e pensa", ao estabelecido. Numa palavra, é colocar entre parênteses nossas crenças para poder interrogar quais são suas causas e qual é seu sentido.
A segunda característica da atitude filosófica é positiva, isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. É também uma interrogação sobre opor-quê e o como disso tudo e de nós próprios. "O que é?", "Por que é?", "Como é?". Essas são as indagações fundamentais da atitude filosófica.
A face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem o que chamamos de atitude crítica. Por que "crítica"?
Em geral, julgamos que a palavra crítica significa "ser do contra", dizer que tudo vai mal, que tudo está errado, que tudo é feio ou desagradável. Em geral, crítica é mau humor, coisa de gente chata ou pretensiosa que acha que sabe mais que os outros. Mas não é isso que essa palavra quer dizer.
A palavra crítica vem do grego e possui três sentidos principais: 1) capacidade para julgar, discernir e decidir corretamente; 2) exame racional de todas as coisas sem preconceito e sem prejulgamento; 3) atividade de examinar e avaliar detalhadamente uma ideia, um valor, um costume, um comportamento, uma obra artística ou científica. A atitude filosófica é uma atitude crítica porque preenche esses três significados da noção de crítica, a qual, como se observa, é inseparável da noção de racional, que vimos anteriormente.
A Filosofia começa dizendo não às crenças e aos preconceitos do dia a dia para que possam ser avaliados racional e criticamente. Por isso começa dizendo que não sabemos o que imaginávamos saber ou, como dizia Sócrates, começamos a buscar o conhecimento quando somos capazes de dizer: "Só sei que nada sei".
Para Platão, o discípulo de Sócrates, a Filosofia começa com a admiração ou, como escreve seu discípulo Aristóteles, a Filosofia começa com o espanto: "... pois os homens começam e começaram sempre a filosofar movidos pelo espanto (...}. Aquele que se coloca uma dificuldade e se espanta reconhece sua própria ignorância. (...). De sorte que, se filosofaram, foi para fugir da ignorância".
Admiração e espanto significam que reconhecemos nossa ignorância e exatamente por isso podemos superá-la. Nós nos espantamos quando, por meio de nosso pensamento, tomamos distância do nosso mundo costumeiro, olhando-o como se nunca o tivéssemos visto antes, como se não tivéssemos tido família, amigos, professores, livros e outros meios de comunicação que nos tivessem dito o que o mundo é; como se estivéssemos acabando de nascer para o mundo e para nós mesmos e precisássemos perguntar o que é, por que é e como é o mundo, e precisássemos perguntar também o que somos, por que somos e como somos.
A Filosofia inicia sua investigação num momento muito preciso: naquele instante em que abandonamos nossas certezas cotidianas e não dispomos de nada para substituí-las ou para preencher a lacuna deixada por elas. Em outras palavras, a Filosofia se interessa por aquele instante em que a realidade natural (o mundo das coisas) e a realidade histórico-social (o mundo dos homens) tornam-se estranhas, espantosas, incompreensíveis e enigmáticas, quando as opiniões estabelecidas disponíveis já não nos podem satisfazer.
Ou seja, a Filosofia se volta preferencialmente para os momentos de crise no pensamento, na linguagem e na ação, pois é nesses momentos críticos que se manifesta mais claramente a exigência de fundamentação das ideias. dos discursos e das práticas.
Assim como cada um de nós, quando possui desejo de saber, vai em direção à atitude filosófica ao perceber contradições, incoerências, ambiguidades ou incompatibi lidades entre nossas crenças cotidianas, também a Filosofia tem especial interesse pelos momentos de crise ou momentos críticos, quando sistemas religiosos, éticos, políticos, científicos e artísticos estabelecidos apresentam contradições internas ou contradizem-se uns aos outros e buscam transformações e mudanças cujo sentido ainda não está claro e precisa ser compreendido.
Chauí, M. FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS. São Paulo: Ed. Ática, 2010. p. 14.
Nenhum comentário:
Postar um comentário