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quarta-feira, 29 de abril de 2009

Resumo de aula - IDEOLOGIA (2ºs anos).

A CONSCIÊNCIA HUMANA é um fenômeno que ocorre num determinado momento histórico, e também em sintonia com sua localização social, ou seja, depende do tempo e do lugar.
Por exemplo, a consciência sobre a sociedade que tem o muçulmano oriental, o homem do campo, o índio, ou como tinha o homem da Idade Média, com toda certeza são completamente diferentes.
A partir da consciência social, a percepção das imagens e das idéias pode ocorrer de forma não verossímil, ocorrendo uma inversão entre causa e efeito invertendo o imaginário social. Em outras palavras, aquilo o que julgamos ser a realidade pode não ser exatamente como as coisas realmente são.
E é justamente isso que em parte explica o que é a IDEOLOGIA: uma forma de consciência, porém, uma consciência ilusória, que serve somente para aqueles que na sociedade exercem a dominação.
Segundo Marilena Chauí, a ideologia segue três traços gerais:
A anterioridade – ideologicamente consideramos correto e verdadeiro aquilo o que “sempre foi e sempre será” – mas as origens destas “verdades” nunca são claras, e não há, portanto, razões lógicas para se afirmar como de costume que estes valores estão ”acima do tempo”, ou seja, nunca mudaram e nunca mudarão justamente porque acreditamos que não podem ser diferentes.
A generalização – estas tais “verdades” são divulgadas, praticadas e defendidas sempre com a justificativa de que esta é a melhor maneira de se fazer e julgar os fatos e os costumes, ou seja, visam o “bem comum”. Será?!
A lacuna – estas “verdades e valores” preenchem a lacuna da naturalidade, ou seja, acredita-se que são corretas e verdadeiras porque é a forma natural dos fatos e das coisas acontecerem, e portanto não haveria uma outra possibilidade de que acontecessem de outra forma.
Os meios de comunicação, usando-se de diversas estratégias, nos transmitem diversos valores ideológicos. Por exemplo, os super-heróis, que normalmente são associados a pessoas ricas e poderosas, como Batman que é o multimilionário Bruce Wayne, o Homem de Ferro que é Tony Stark, presidente de um grupo empresarial que leva seu nome, o Homem-aranha que é o pobre porém superdotado estudante Peter Parker, ou ainda He-Man que é Adam, príncipe herdeiro do trono do reino de Etérnia, só para citar alguns exemplos.
Salvo raras exceções como a Mulher Maravilha, normalmente os super-heróis são homens, e quando a figura feminina aparece junto a eles via de regra está em posição inferior; a própria Mulher Maravilha na “Sala da Justiça” dos Super Amigos não consegue brilhar mais que o carisma do grande mentor do grupo, Superman, ou do “cérebro” do grupo, Batman, sem o qual a Batgirl nada seria, ou ainda, a defensora do reino de Etérnia, a “Feiticeira” (que nas horas vagas se transforma numa águia com as cores branca, vermelha e azul – lembra algum brasão de algum país?) tem um poder que só se efetiva na prática através dos excepcionais músculos de He-Man.
Super-herói negro, oriental, latino, indígena... há algum? Talvez, mas... será que faz o mesmo sucesso dos super-heróis brancos e de olhos azuis? E na “Sala da Justiça”, não ficam em posição ainda mais inferior que a da Mulher Maravilha?
Sempre se colocam como os defensores do bem e da ordem... daquelas idéias e valores as quais todos defendem sem saber ao certo as razões de sua origem ou porque acham que assim deve ser.
Brancos e de olhos azuis (muitos deles loiros no melhor estilo anglo-saxônico), sempre a postos defendendo povos distantes com o orientais, indígenas e latinos de vilões ditadores, gananciosos exploradores sem escrúpulos, bruxos feios e corruptos ou monstros desalmados, pois, é claro, estes povos subdesenvolvidos não saberão se defender sozinhos, nem ao menos terão força para isso.
Enfim, resumindo, os super-heróis, nossos super amigos defensores do bem e da ordem, nossos guardiães da liberdade e da justiça são todos AMERICANOS e CAPITALISTAS; aliás, basta olhar as cores de seus pujantes trajes que já dá para saber qual o país e qual cultura defendem.
E não somente os meios de comunicação nos transmitem a ideologia dominante, mas também outros mecanismos sociais, como a escola, a religião, a família etc.

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