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quarta-feira, 29 de abril de 2009

Resumo de aula - O MITO DA CAVERNA (1ºs anos filosofia e 2ºs anos sociologia).

O Mito da Caverna é, talvez, o texto mais famoso da tradição filosófica ocidental, escrito por Platão há cerca de aproximadamente 300 ou 600 anos antes de Cristo.
Consta da monumental obra de Platão, A República, onde o filósofo desenvolve uma complexa teoria do poder.
No início do capítulo VII, Sócrates narra a Glauco a seguinte história:
Imagine homens acorrentados desde que nasceram no fundo de uma caverna. Nada viram ao longo da vida senão sombras de objetos transportados por detrás deles, sombras criadas pela luz de uma fogueira. Estes homens nada mais conhecem senão aquelas sombras, parcas imagens ainda muito distantes da realidade das coisas. Porém, as sombras são a única realidade que estes homens conhecem, e para eles somente estes parcos vultos da realidade constituem a noção de verdade que possuem.
Porém, um dia um destes prisioneiros vem a escapar. Com dificuldade escala a íngreme parede da caverna, mas consegue sair. Sob a luz do sol seus olhos doem, mas aos poucos eles vão se acostumando e este ex-prisioneiro enxerga, então, a realidade tal e qual ela é.
Ele decide então voltar para a caverna e compartilhar com seus ex-companheiros a sua experiência. Porém, ao fazê-lo, é malrecebido. Ignorantes da verdade, julgam louco o ex-colega, e, como ele insiste na sua versão dos fatos, decidem matá-lo.
Assim é a nossa vida.
Ao simplesmente aceitar tudo aquilo o que a sociedade nos coloca como prazeroso, belo, verdadeiro, nos passando valores e versões da verdade que só interessam à elite dominante, somos como os prisioneiros do fundo da caverna, julgando sombras da realidade como sendo a única verdade. Por isso precisamos desenvolver nosso senso crítico, a nossa inteligência, o nosso conhecimento, a nossa ciência e, aos poucos, como o ex-prisioneiro que duramente escala a parede para o lado de fora da caverna, treinar nossos olhos para que aos poucos eles possam verificar a essência da realidade dos fatos da vida.
Maurício de Souza criou uma versão em quadrinhos para este texto clássico, a qual por sua vez já está se tornando um “clássico” dos quadrinhos didáticos. A história é estrelada pelo seu personagem pré-histórico, Piteco, que faz o papel do ex-prisioneiro que retorna para a caverna e liberta seus companheiros (só que nesta versão ele não chega a ser morto), e, atravessando os séculos, Piteco nos mostra o quanto a moderna mídia pode ser a parede do fundo da caverna que nos mostra falsas verdades.
Outra influência do texto de Platão percebe-se numa das mais significativas obras do cinema: Matrix. Neste filme, num mundo sem sol os computadores dominam os seres humanos, alimentando-se dos impulsos elétricos emitidos pelas suas atividades cerebrais. Matrix seria um gigantesco programa de computador que faz a vez da parede do fundo da caverna, passando aos humanos falsas imagens sobre a realidade que estimulam a atividade cerebral, quando na realidade estes humanos encontram-se num coma eterno, aprisionados às conexões de Matrix, inconscientes.
Porém, Morpheus é um humano que conseguiu libertar-se de Matrix e recruta outros humanos para lutar contra a falsa realidade de Matrix, oferecendo aos seus recrutados duas pílulas: a azul, opção de retornar à sua tranquila, porém alienada inconsciência, e a vermelha, que o tornaria plenamente desperto, pronto para engajar-se na dura tarefa de lutar contra a dominação de Matrix, que nada mais é que a consciência da realidade.
Assim são as ideologias. Assim são as idéias propaladas pela mídia. Assim são os valores morais arcaicos, os desejos gerados pela propaganda, os sonhos de consumo e os ideais de beleza, justiça e felicidade que nos são impostos ao longo da vida sem que possamos nos dar conta disso. Enquanto nos impõem padrões de beleza, modelos de sucesso, objetivos profissionais e pessoais e critérios de julgamento da realidade, esta mesma realidade se mostra bem diferente, num mundo repleto de injustiça, fome, violência, consumismo, nababismo e hedonismo (ver significado abaixo), diferenças sociais, exploração, entre outros problemas.
Por isso mesmo torna-se necessário trabalhar com empenho no desenvolvimento de nosso conhecimento, do amadurecimento de nossos critérios de julgamento, da sensibilidade para padrões coerentes (e não impostos) de se relacionar com a realidade. Só assim poderemos construir um mundo mais justo e mais feliz para todos nós.
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Nababismo – viver em luxo exageradamente doentio, sem compromisso algum além de gozar de prazeres exacerbados, tais como adquirir uma mansão só para abrigar o animal de estimação, promover um banquete para comemorar “a cura do resfriado”, viver dia após dia ocioso à beira da piscina consumindo bebidas de luxo, etc.. Vida de nababo, vida nababesca.
Hedonismo – é a atitude egoísta de buscar somente o prazer pelo prazer custe o que custar, mesmo que isto signifique tomar atitudes anti-éticas; culto ao prazer, fazer do prazer o valor máximo.

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